domingo, 3 de abril de 2011

A questão do lixo


      Até a metade do século 20 o lixo não significava um problema. A maior parte dele era formada por materiais orgânicos, como restos de frutas e verduras, assim como de animais, e tudo isso é degradável pela ação da natureza. O lixo era menor e facilmente transformado pelo próprio Meio Ambiente em nutrientes para o solo.
       Muitas pessoas tinham o hábito de ter em suas casas uma horta ou uma criação de galinhas e outros animais domésticos, a quem elas davam seus restos de comida. O que restava era enterrado, retornando ao solo. Portanto, tudo ia muito bem. O pouco que sobrava era recolhido e a natureza fazia sua parte. Entretanto, com o passar dos anos, o modo de vida dos habitantes do planeta foi mudando. A maioria mudou-se das áreas rurais para as cidades. As cidades foram crescendo, reduzindo o espaço de moradia e o tempo disponível dos cidadãos. O resultado é que passou a fazer parte da vida cotidiana a compra de alimentos e outros produtos embalados, prontos para o consumo. Parecia que era a solução perfeita.Chegaram os supermercados, as comidas prontas, o leite longa vida, os vegetais já lavados.... ótimo!
Mas tudo isso passou a significar também montanhas e montanhas de embalagens, sacos plásticos, caixas, isopor, sacolas, sacolinhas, latas disso e daquilo.... E o que é pior: são materiais que a natureza custa muito - quando consegue! - degradar e incorporar novamente ao ciclo da vida.
      O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso tempo. Seu volume é excessivo e vem aumentando progressivamente, principalmente nos grandes centros urbanos, atingindo quantidades impressionantes, como os 14 milhões de quilos coletados diariamente na Cidade de São Paulo. Além disso, os locais para disposição de todo esse material estão se esgotando rapidamente, exigindo iniciativas urgentes para a redução da quantidade enviada para os aterros sanitários, aterros clandestinos ou lixões. O lixo, como os demais problemas ambientais, tornou-se uma questão que excede à capacidade dos órgãos governamentais e necessita da participação da sociedade para sua solução.
Uma das possibilidades para reduzir o problema do lixo é a implantação da coleta seletiva de lixo - que consiste na segregação de tudo o que pode ser reaproveitado, como papéis, latas, vidro, plástico, entre outros - enviando-se esse material para reciclagem. A implantação de programas de coleta seletiva de lixo não só contribui para a redução da poluição causada pelo lixo, como também proporciona economia de recursos naturais - como matérias-primas, água e energia - e, em alguns casos, pode representar a obtenção de recursos, advindos da comercialização do material.
      O lixo que é retirado pelos caminhões coletores da porta de nossas casas vai para algum lugar:

Lixões: são terrenos comuns, onde o lixo é depositado diariamente a céu
aberto, o que provoca contaminação da água, do solo e do ar.
A decomposição do lixo produz um líquido negro, altamente poluente chamado "chorume", que penetra no solo e atinge as águas subterrâneas, contaminando as minas e fontes. A decomposição também provoca a proliferação de animais transmissores de inúmeras doenças, como ratos, baratas, moscas e mosquitos. O solo contaminado torna-se improdutivo, além de ser um desperdício a ocupação de grandes terrenos com lixo.

Aterros sanitários: são áreas escolhidas com critério, geralmente terrenos
não produtivos e que não estão localizados em áreas de preservação ambiental.
O fundo do aterro deve ser preparado com camadas plastificadas resistentes, prevendo o escoamento do "chorume" e o seu tratamento. É uma obra de engenharia complexa, executada com todos os critérios técnicos, de acordo com a legislão antipoluição vigente.
 Nos aterros sanitários, o lixo é disposto em camadas, cobertas com terra ou argila e compactadas por tratores de esteiras. Após algum tempo, esse lixo é parcialmente decomposto pelos microrganismos que se alimentam dele. Os resíduos de lixo vão se acumulando, até lotar a capacidade do terreno. Em São Paulo existem, atualmente, cinco aterros sanitários. Um deles é só para entulho da construção civil. Dos outros quatro, dois já estão esgotados.

Usinas de tratamento: nessas usinas, o lixo não é acumulado. Ao chegar, o lixo é espalhado em esteiras móveis, para que os materiais recicláveis possam ser separados, como vidros, papéis, metais, plásticos etc., e vendidos às indústrias de reciclagem. O lixo restante é colocado em grandes reatores chamados biodigestores. Por meio da ação dos microrganismos, o lixo se transforma em um composto orgânico que pode ser usado como adubo ou como componente de rações para animais. O lixo residual que porventura sobrar é levado para um aterro sanitário.

 Incineração: o lixo incinerado é proveniente de hospitais, clínicas veterinárias, materiais tóxicos etc. Os gases contidos na fumaça do lixo queimado
podem ser poluentes, se não forem corretamente tratados.

Para podermos aumentar a vida útil dos aterros, precisamos aprender a reutilizar e a reciclar parte do lixo. Separar vidros, papéis, plásticos etc. é lucrativo, pois você pode vendê-los ou, se quiser, doá-los para entidades assistenciais. Pode também participar da coleta seletiva de lixo da prefeitura, jogando os papéis, os plásticos e os vidros nos coletores apropriados, espalhados pela cidade.

Agenda 21


      A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais,onde cada país desenvolve a sua Agenda 21. A Agenda 21 se constitui num poderoso instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade do crescimento.
      É um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos e tem contribuição de governos e instituições da sociedade civil de 179 países. Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.
      A Agenda 21 Nacional deve adequar-se à realidade de cada país e de acordo com as diferenças sócio-econômico-ambientais, sempre em conformidade com os princípios e acordos da Agenda 21 Global. No Brasil foi criada, por decreto do Presidente da República, em fevereiro de 1997, a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21, no âmbito da Câmara de Políticas dos Recursos Naturais, incluindo representantes do governo e da sociedade civil, com as atribuições de propor estratégias de desenvolvimento sustentável e coordenar, elaborar e acompanhar a implementação daquela Agenda.
      Um fator diferencial da Agenda Brasileira em relação às demais experiências no mundo é a opção pela inclusão das Agendas Locais,que é um processo através do qual as autoridades locais trabalham em parceria com os vários sectores da comunidade na elaboração de um Plano de Ação por forma a implementar a sustentabilidade ao nível local. Num país de dimensões continentais e de múltiplas diferenças, a criação das Agendas Locais torna-se condição indispensável para o êxito do programa.

sábado, 2 de abril de 2011

Genebaldo Freire Dias


     
      Genebaldo Freire Dias é Doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília. Tem trabalhado e produzido, de forma muito profícua, na temática ambiental, especialmente no campo da Educação, firmando-se como uma referência nacional, sustentada por seu extenso currículo. Atualmente, é professor e pesquisador da Universidade Católica de Brasília onde vem desenvolvendo um importante projeto, que é relatado neste livro como uma experiência institucional relevante. Exerceu vários cargos de direção em instituições relacionadas com esta problemática, tanto em âmbito local quanto nacional. É também consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) das Nações Unidas (ONU) e do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), além de contribuir à evolução do debate sobre as questões ambientais no âmbito de diversos órgãos nacionais e internacionais.
Formação:
Bacharel (BD)) , Mestre (M.Sc) e Doutor (PhD) em Ecologia, UnB, Brasília, DF
Principais Livros Publicados:
- Populações marginais em ecossistemas urbanos (IBAMA, Brasília)
- Educação Ambiental – princípios e práticas (Gaia, SP)
- Atividades interdisciplinares de educação ambiental (Gaia, SP)
- Pegada Ecológica e sustentabilidade humana (Gaia, SP)
- Ecopercepção (Gaia, SP)
- Antropoceno – iniciação à temática ambiental (Gaia, SP)
- 40 contribuições pessoais para a sustentabilidade (Gaia, SP)
- Educação e Gestão ambiental (Gaia, SP)

Michèle Sato



       
       É licenciada em biologia,mestre em filosofia, doutorado em ciências e pós doutorado em educação. É professora e pesquisadora das Universidades Federais de Mato Grosso (UFMT  - Educação) e São Carlos (UFSCar – Ecologia). Um referencial nacional e internacional da Educação Ambiental.

      Michèle, conta como surgiu o seu interesse pela Educação Ambiental:

      “Acredito ter tido forte influência de meu pai, um zen budista cuidadoso com a natureza, seja nas pequeninas vidas, bem como nos sistemas cósmicos que regem o mundo. Suas palavras incentivaram à bondade humana no cuidado com outras formas de vida. E que como retornamos à Terra, teríamos que cuidar dela. O respeito e o gosto pela natureza me conduziram a escolha pela Biologia. Ingressei no mestrado em oceanografia, e me frustrei durante o projeto Antártida. Fui dar aula em escola da periferia de São Paulo e me apaixonei - tanto pela educação como pela luta de inclusão social. Depois fui cair na filosofia para um mestrado na Inglaterra, fiz uma trajetória inversa no doutorado em Ecologia na UFSCar e sou professora da Pedagogia na UFMT. Enfim, hoje sou esta metamorfose ambulante sem definição. Ora filósofa, ora poeta, ora educadora, ora ecologista, ora tudo isso misturado. E gosto destas múltiplas personalidades, e não abriria mão de nenhuma delas”

Bibliografia:

SATO, Michele. Educação ambiental. São Carlos: EdUFSCar, 1996.

SATO, Michele & SANTOS, José Eduardo. Agenda 21 em sinopse. São Carlos: EdUFSCar, 1999.

SATO, Michele (Coord.) ET al. Ensino de ciências e as questões ambientais. Cuiabá: NEAD, UFMT, 1999.

SATO, Michele; TAMAIO, Irineu; MEDEIROS, Heitor. Reflexos das cores amazônicas no mosaico da educação ambiental. Brasília: WWF-Brasil, 2002.

SATO, Michele; MONTEIRO, Silas; ZAKREZSKI, Cláudio & ZAKREZSKI, Sônia. Ciências, filosofia e educação ambiental – links e deleites. In OLAM - Ciência e Tecnologia. Rio Claro: UNESP, ano I.